quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Saudosismos realistas???

Seja por causa do final do tempo de férias, seja porque não há maneira de fazer calor a sério, ou por nenhuma razão especifica, dei por mim a pensar nos meus tempos de rapaz, lá para os anos 50/60.

E comecei a lembrar-me de como eram as coisas naquele tempo, o que me levou a reflectir sobre o que é nós andamos a fazer à nossa terra, ao nosso mundo, às nossas vidas.

É que naquele tempo, havia quatro estações do ano bem definidas, que para quem não se “lembre” eram a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno.
O mês de Setembro, era um mês de praia, tão bom como Agosto, ou Julho.
Aliás, nas praias da minha zona as casas em Setembro eram tão caras como em Agosto.
E agora?
Será que não demos cabo do tempo?!

Depois lembrei-me quando andava pelos campos e apanhava a fruta das árvores e a comia mesmo assim, directamente da “produção”!
E tomava banho no rio de águas limpas!
E agora isso é possível?
Fico a pensar que as crianças, os jovens deste tempo já não podem apreciar estas pequenas e simples coisas que sabiam tão bem.

E os animais eram alimentados com os restos da horta, da fruta, comiam no campo, e a carne era saborosa, tenra e raramente tinham doenças.
Os ovos eram amarelinhos, com um sabor intenso.
Ai, aqueles ovos estrelados em azeite bom!!!
E hoje é ração para aqui, hormonas para ali, e aquilo sabe tudo à mesma coisa.
O frango sabe a vaca e a vaca sabe a porco, passe o exagero.
E fico a pensar que os meus filhos já não vão conhecer esses sabores!

E a matança do porco?!
As morcelas, a sopa de morcela, os torresmos, as febras, a fritada, tudo feito no pingo da banha do porco!
Que sabores meu Deus!
E agora?
Agora temos a ASAE, que não dá de comer à gente, mas vai acabando com as coisas boas deste terra porque temos de comer como os ingleses, como os alemães!

E as recordações são um nunca acabar de coisas boas e claro também havia algumas menos boas, como a politica, por exemplo.
Mas agora também, a politica!
As promessas eram tantas…e afinal…
Claro temos a liberdade, podemos escolher quem quisermos!
O problema é que não há nada por onde escolher, digo eu!

Mas ponhamos a politica de lado!

Faz-me impressão que em tão poucos anos, 30, 40, 50, tantas coisas no mundo tenham acabado, tenham sido extintas, desde animais, à própria natureza, às comidas, às tradições.

Faz-me impressão olhar para os meus filhos e perceber que nunca vão experimentar coisas tão boas e simples como eu experimentei, não porque não queiram, ou não gostem, mas porque já não há!

Perdoem-me o saudosismo, mas lá que faz impressão, faz!!!

8 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo, uns diriam que é o progresso, outros que é o caminho da perdição!

Também eu sinto falta de verões soalheiros e de carne a saber a carne, e fruta que tinha saber.

Joaquim Alves disse...

Caro Ferreira-Pinto

Pois é, mas o verdadeiro progresso não dá cabo do que é bom...

Somos óptimos a destruir, mas preguiçosos a construir...

Abraço

Carol disse...

Se calhar, demos cabo de mais coisas que não só o tempo...

Tiago R Cardoso disse...

diga-se que sou mais novo mas lembro-me também de todas essas coisas e como tu deu-me cá uma saudade...

Anónimo disse...

Meu caro, sou dos que pensam que no exacto ponto de convergência desses dois caminhos se encontra a virtude e o ponto de quilíbrio necessário.

Mais que dizer que somos óptimos a destruir e preguiçosos a construir, diria que somos péssimos feitores desta quinta!

Joaquim Alves disse...

Carol, eu não tenho dúvidas disso...

Joaquim Alves disse...

Tiago, o problema é que a saudade às vezes se consegue "matar" encontrando de novo as coisas, e algumas destas já acabaram irremediávelmente...

Joaquim Alves disse...

Ferreira-Pinto

Totalmente de acordo com o teu comentário.