Líder do PSD promete opor-se a proposta socialista
Ferreira Leite contra fim do voto por correspondência para emigrantes
11.09.2008
O PS entregou no passado dia 18 de Julho no Parlamento um projecto de lei para acabar com o voto por correspondência dos emigrantes nas legislativas - e que deverá ser discutido ainda este mês, estando agendado para sexta-feira dia 19 - argumentando que o voto presencial, que já acontece nas presidenciais, trará uma “dignidade acrescida à Assembleia da República” por ser mais “dignificante” e “transparente”.
No Público
Pobres emigrantes!
Há uns anos muito largos, nos finais da década de 50 e seguintes anos, os portugueses tiveram de emigrar, muitos deles a salto, para poderem arranjar dinheiro para viver, trabalhando no duro e a maior parte deles em condições tão terríveis, que chegavam a ser degradantes.
Passaram uns anos e a sua vinda era desejada, porque traziam as famosas remessas de divisas, que iam entrando nos cofres do Estado, dando um pouco de lastro á periclitante economia nacional.
Sim eram desejados, mas ao mesmo tempo criticados pela forma espaventosa de se mostrarem, pelo “francês arranhado”, pelos acidentes de automóvel, (como se fossem só eles coitados), mas eles não se importaram muito e continuaram a visitar o seu Portugal.
De Portugal recebiam pouco ou quase nada, a não ser o “matar saudades”, e mesmo nos países de destino, lutavam contra a interminável burocracia portuguesa e nem um apoio para que os seus filhos aprendessem da língua portuguesa, lhes era dado.
Passaram os tempos e veio a liberdade.
Alguns regressaram, convencidos de que agora sim a vida melhorara e os empregos abundavam.
Desiludiram-se rapidamente e alguns regressaram ao estrangeiro, levando novos emigrantes com eles.
Passaram a ser visitados, (julgo eu), por deputados da nação, mais interessados, (digo eu), em garantir os seus lugares de deputados, (e que raio as viagens são agradáveis), do que propriamente em resolverem os seus problemas.
E depois, depois começaram a fechar os consulados tornando a sua vida cada vez mais difícil em relação ao seu país que tanto amam e não querem esquecer.
Lutou-se para que pudessem votar por correspondência, porque se serviam para trazer dinheiro, também não era licito impedir-lhes o escolherem o governo da nação que se ia servindo das suas remessas, (que foram escasseando, é certo), mas não deixavam de entrar no país.
Há uns dias vi na imprensa alguém dos meios financeiros, (não me lembro quem), preocupado com a vinda dos emigrantes este ano, pois não tinham trazido o dinheiro que se estava à espera.
Agora vem esta gente que tem a maioria na Assembleia tentar retirar-lhes a possibilidade de votarem por correspondência sob o estranho pretexto, cito:
«Temos grande expectativa que tenha acolhimento aqui no parlamento, porque vai conferir à eleição para a Assembleia da República uma dignidade acrescida, na medida em que é um acto presencial e as eleições têm que ser presenciais, assumidas directamente pelos eleitores»
Pois bem, digo eu, a dignidade acrescida era os senhores deputados estarem presentes nas sessões da Assembleia, era os senhores deputados votarem leis que não fosse preciso emendar passadas umas semanas, era os senhores deputados falarem dos problemas do país, que vai muito para além de Lisboa e arredores, era os senhores deputados trabalharem qualquer “coisinha”, excepção feita logicamente àqueles que trabalham, mas me parecem bem poucos no cômputo geral.
Fossem os resultados da votação na emigração favoráveis à maioria e nunca se lembrariam da “dignidade acrescida”.
Ferreira Leite contra fim do voto por correspondência para emigrantes
11.09.2008
O PS entregou no passado dia 18 de Julho no Parlamento um projecto de lei para acabar com o voto por correspondência dos emigrantes nas legislativas - e que deverá ser discutido ainda este mês, estando agendado para sexta-feira dia 19 - argumentando que o voto presencial, que já acontece nas presidenciais, trará uma “dignidade acrescida à Assembleia da República” por ser mais “dignificante” e “transparente”.
No Público
Pobres emigrantes!
Há uns anos muito largos, nos finais da década de 50 e seguintes anos, os portugueses tiveram de emigrar, muitos deles a salto, para poderem arranjar dinheiro para viver, trabalhando no duro e a maior parte deles em condições tão terríveis, que chegavam a ser degradantes.
Passaram uns anos e a sua vinda era desejada, porque traziam as famosas remessas de divisas, que iam entrando nos cofres do Estado, dando um pouco de lastro á periclitante economia nacional.
Sim eram desejados, mas ao mesmo tempo criticados pela forma espaventosa de se mostrarem, pelo “francês arranhado”, pelos acidentes de automóvel, (como se fossem só eles coitados), mas eles não se importaram muito e continuaram a visitar o seu Portugal.
De Portugal recebiam pouco ou quase nada, a não ser o “matar saudades”, e mesmo nos países de destino, lutavam contra a interminável burocracia portuguesa e nem um apoio para que os seus filhos aprendessem da língua portuguesa, lhes era dado.
Passaram os tempos e veio a liberdade.
Alguns regressaram, convencidos de que agora sim a vida melhorara e os empregos abundavam.
Desiludiram-se rapidamente e alguns regressaram ao estrangeiro, levando novos emigrantes com eles.
Passaram a ser visitados, (julgo eu), por deputados da nação, mais interessados, (digo eu), em garantir os seus lugares de deputados, (e que raio as viagens são agradáveis), do que propriamente em resolverem os seus problemas.
E depois, depois começaram a fechar os consulados tornando a sua vida cada vez mais difícil em relação ao seu país que tanto amam e não querem esquecer.
Lutou-se para que pudessem votar por correspondência, porque se serviam para trazer dinheiro, também não era licito impedir-lhes o escolherem o governo da nação que se ia servindo das suas remessas, (que foram escasseando, é certo), mas não deixavam de entrar no país.
Há uns dias vi na imprensa alguém dos meios financeiros, (não me lembro quem), preocupado com a vinda dos emigrantes este ano, pois não tinham trazido o dinheiro que se estava à espera.
Agora vem esta gente que tem a maioria na Assembleia tentar retirar-lhes a possibilidade de votarem por correspondência sob o estranho pretexto, cito:
«Temos grande expectativa que tenha acolhimento aqui no parlamento, porque vai conferir à eleição para a Assembleia da República uma dignidade acrescida, na medida em que é um acto presencial e as eleições têm que ser presenciais, assumidas directamente pelos eleitores»
Pois bem, digo eu, a dignidade acrescida era os senhores deputados estarem presentes nas sessões da Assembleia, era os senhores deputados votarem leis que não fosse preciso emendar passadas umas semanas, era os senhores deputados falarem dos problemas do país, que vai muito para além de Lisboa e arredores, era os senhores deputados trabalharem qualquer “coisinha”, excepção feita logicamente àqueles que trabalham, mas me parecem bem poucos no cômputo geral.
Fossem os resultados da votação na emigração favoráveis à maioria e nunca se lembrariam da “dignidade acrescida”.
Pobres emigrantes, que para além de estarem longe do que amam, ainda os querem colocar bem mais longe!
7 comentários:
A política do desleixo e do abandono dos emigrantes à sua sorte está aí, provando as vistas curtas e o interesseirismo grosseiro que sempre vigorou entre os políticos. Sempre com um olho grosso no economicismo e nas naturais dificuldades da reeleição.
Não terem vergonha.
PALAVROSSAVRVS REX
E apesar de tudo, Joshua, fico espantado às vezes como o seu amor a Portugal, ultrapassa o modo como são tratados.
Muitas vezes até de terceira ou quarta, Carol!
No caso dos votos, não estará o PS a pensar em quatro deputados que lhe podem fazer falta em breve ?
longe da vista longe do coração, longe de Portugal, longe dos votos.
é o governo que temos.
Tiago
Tenho para mim que o problema é mesmo esse!
Mas ao contrário, ou seja, que perante a politica de fecho dos consulados, até mesmo o único deputado que tinham no circulo da emigração vá para a oposição!
Neste particular, lamento ir contra corrente mas entendo que, de facto, nalguns actos eleitorais apenas e só os residentes no território nacional deviam votar.
É o que tem de bom a democracia, amigo Ferreira-Pinto, o podermos discordar uns dos outros.
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