O Primeiro sentado à sua secretária olhava para os seus colaboradores mais fiéis, na expectativa de uma qualquer brilhante ideia para colocar em prática e levar o partido à vitória nas eleições que se aproximavam.
Ele ia falando, expondo os seus pensamentos e pressurosos os outros todos iam meneando a cabeça, assentindo sem dúvidas tudo o que ele dizia, embevecidos com a clarividência do chefe.
A certa altura o Primeiro, já chateado com aquilo tudo, volta-se para eles e diz naquela voz irritada, arrogante, pesporrente, que toda a gente no país já tão bem identificava:
– Porra! Parem lá de andar com a cabeça de cima para baixo! Parecem umas galinhas a debicar no milho! Vejam lá mas é se tem algumas ideias que foi para isso que vos chamei para o governo! Ou querem ficar no desemprego?
Olharam uns para os outros, atrapalhados, temerosos, porque sabiam bem como eram as irritações do Primeiro.
Um deles então, parecia o da Economia, muito a medo, arriscou:
– Então e se oferecêssemos uns electrodomésticos ao povo?
Os olhos do Primeiro chisparam e gritou já com uma raiva incontida:
– Mas olha lá, tu julgas que eu sou algum presidente de Câmara, ou quê? Tu “tás” parvo? Só me saem gajos destes!
O outro ainda arriscou timidamente:
– Mas o Zé Eduardo fez isso e não é presidente de Câmara! E ganhou as eleições quase com 90%! Até parecia a Rússia de antigamente!
O Primeiro, sem sequer olhar para ele para não se irritar mais, disse:
– Gaita, és sempre o mesmo bronco! Não sei como é que te escolhi para isto!
Então o das Obras, com aquele ar de burro encartado, disse muito ufano:
– Já sei, prometem-se mais umas auto-estradas!
Responde-lhe o Primeiro:
– Ó meu camelo! Então já nem temos espaço para plantar umas couves neste país à conta de tanta auto-estrada, e tu ainda vens propor mais umas!
E acrescentou:
– Irra, estou cercado de incompetentes!
Aquele que não tem pasta com assunto, que é o mais chegado ao Primeiro, afirmou muito pressuroso:
– Eu ainda não disse nada! Eu ainda não disse nada!
O Primeiro não se conteve, e com o seu célebre dedo apontado para ele, gritou:
– Pois não, meu macaquinho de imitação! Tu nunca dizes nada e quando dizes é para repetir o que eu digo e mesmo assim muitas vezes mal!
E continuou:
– Bem, já percebi que com vocês não me safo! Tenho que ser eu a fazer tudo!
Vamos distribuir uns computadores aos putos das escolas, aumentar umas pensõezitas das mais baixas e prometer mais polícias e mais armamento para os gajos, a ver se o pessoal vota em nós.
Tenho que ver também como é que vou conciliar estas promessas e outras com a história da contenção do défice, mas quanto a isso não devo ter problemas porque os gajos da oposição andam aos papéis e não sabem para que lado se hão-de voltar!
E finalizou, com um ar cansado, mas muito satisfeito consigo próprio:
– Os gajos da oposição ficam sempre lixados comigo. Fartam-se de fazer perguntas, mas eu nunca lhes respondo e só falo do que eu quero! Até tenho pena deles!
Os outros levantaram-se todos e aplaudiram freneticamente o Primeiro, que de cabeça erguida em pose, agradecia condescendente a homenagem que lhe prestavam.
Ele ia falando, expondo os seus pensamentos e pressurosos os outros todos iam meneando a cabeça, assentindo sem dúvidas tudo o que ele dizia, embevecidos com a clarividência do chefe.
A certa altura o Primeiro, já chateado com aquilo tudo, volta-se para eles e diz naquela voz irritada, arrogante, pesporrente, que toda a gente no país já tão bem identificava:
– Porra! Parem lá de andar com a cabeça de cima para baixo! Parecem umas galinhas a debicar no milho! Vejam lá mas é se tem algumas ideias que foi para isso que vos chamei para o governo! Ou querem ficar no desemprego?
Olharam uns para os outros, atrapalhados, temerosos, porque sabiam bem como eram as irritações do Primeiro.
Um deles então, parecia o da Economia, muito a medo, arriscou:
– Então e se oferecêssemos uns electrodomésticos ao povo?
Os olhos do Primeiro chisparam e gritou já com uma raiva incontida:
– Mas olha lá, tu julgas que eu sou algum presidente de Câmara, ou quê? Tu “tás” parvo? Só me saem gajos destes!
O outro ainda arriscou timidamente:
– Mas o Zé Eduardo fez isso e não é presidente de Câmara! E ganhou as eleições quase com 90%! Até parecia a Rússia de antigamente!
O Primeiro, sem sequer olhar para ele para não se irritar mais, disse:
– Gaita, és sempre o mesmo bronco! Não sei como é que te escolhi para isto!
Então o das Obras, com aquele ar de burro encartado, disse muito ufano:
– Já sei, prometem-se mais umas auto-estradas!
Responde-lhe o Primeiro:
– Ó meu camelo! Então já nem temos espaço para plantar umas couves neste país à conta de tanta auto-estrada, e tu ainda vens propor mais umas!
E acrescentou:
– Irra, estou cercado de incompetentes!
Aquele que não tem pasta com assunto, que é o mais chegado ao Primeiro, afirmou muito pressuroso:
– Eu ainda não disse nada! Eu ainda não disse nada!
O Primeiro não se conteve, e com o seu célebre dedo apontado para ele, gritou:
– Pois não, meu macaquinho de imitação! Tu nunca dizes nada e quando dizes é para repetir o que eu digo e mesmo assim muitas vezes mal!
E continuou:
– Bem, já percebi que com vocês não me safo! Tenho que ser eu a fazer tudo!
Vamos distribuir uns computadores aos putos das escolas, aumentar umas pensõezitas das mais baixas e prometer mais polícias e mais armamento para os gajos, a ver se o pessoal vota em nós.
Tenho que ver também como é que vou conciliar estas promessas e outras com a história da contenção do défice, mas quanto a isso não devo ter problemas porque os gajos da oposição andam aos papéis e não sabem para que lado se hão-de voltar!
E finalizou, com um ar cansado, mas muito satisfeito consigo próprio:
– Os gajos da oposição ficam sempre lixados comigo. Fartam-se de fazer perguntas, mas eu nunca lhes respondo e só falo do que eu quero! Até tenho pena deles!
Os outros levantaram-se todos e aplaudiram freneticamente o Primeiro, que de cabeça erguida em pose, agradecia condescendente a homenagem que lhe prestavam.
7 comentários:
Eh lá, o amigo anda a ter acesso a informação muito confidencial ... ainda vamos ter o SIS a bater-lhe à porta! :)
Comédia nacional no seu melhor.
Muitíssimo bem.
Eh eh eh tu estavas lá, tu estavas lá... Não sei como, disfarçado do que, com que artes e magias eh eh mas estavas...
;)
Eu, Ferreira-Pinto, eu???
Nem sabia que podia haver países governados assim!!!
O problema Tiago é que é "tragicomédia"...
Obrigado
É Carol, é realmente um triste espectáculo que esta gente às vezes dá...eheheh
nem+
Shiu, shiu...que eu ainda quero lá ir fazer mais umas reportagens!!!
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