Chegou apressado e muito preocupado.
O sempre eficiente secretário disparou:
- Boa tarde, Senhor Doutor, fez boa viagem de Gaia para cá?
Quase nem lhe respondeu:
- Sim, sim, mas não é isso que interessa. Já cá está o presidente do grupo parlamentar?
Que sim, que estava, respondeu o outro, vai para meia hora à espera dele.
- É o trânsito, é o trânsito, respondeu o presidente, acrescentando:
- Cá para mim isto está tudo mal. O chefe da oposição também devia ter batedores para se deslocar no país. Isto assim não é nada democrático, até parece os comentadores da televisão, que só os há para dizerem mal de mim.
Entrou no gabinete, deu um abraço ao presidente do grupo parlamentar e sentando-se foi dizendo:
- Isto está muito mal, pá. Já viste as noticias do jornal acerca do primeiro e mesmo assim o pessoal continua a votar no gajo. Não cai nas sondagens! Já não sei o que hei-de fazer.
O outro, olhando-o nos olhos, diz-lhe cheio de calma:
- Tem paciência pá, isto leva o seu tempo. É preciso não desistir e continuar a atacar. Mais tarde ou mais cedo a gente vai acertar.
- Vai-te lixar, pá! Não temos tempo nenhum. Ou é agora, ou o gajo lá mais para o meio do ano vem dizer que já está tudo porreiro, e que pode descer os impostos e então é que nada feito. E para já digo-te, vens-me com essa da paciência, mas eu tenho visto na assembleia que o gajo faz de ti “gato sapato”.
O outro chateado, retorquiu-lhe:
- É pá, isso não é justo! Tens que ver que tenho feito o meu melhor, mas o gajo é um parlapatão e eu ainda não recuperei das facadas que me deram nas costas.
- Tens razão, diz-lhe o presidente, desculpa lá. Mas temos que fazer qualquer coisa e depressa senão estamos fritos.
Ficaram um pouco em silêncio, meditando em soluções para dar a volta à coisa que estava a ficar muito preta para os seus lados.
De repente o presidente do grupo parlamentar, (tanto presidente, caraças!), levanta-se e diz num só fôlego:
- Já sei, já tenho a solução!
- Desembucha, pá, desembucha, diz o presidente.
- Eh pá, é fácil! Se não vai a mal, vai a bem!
- O quê? Enlouqueceste de vez, pá?
Pergunta o outro.
- Não, não senhor!
Ora tu vê lá: se quando dizemos mal do gajo, parece que ele ainda ganha mais forças, mais adeptos, vamos fazer uma campanha só a dizer bem, só a dizer que o gajo é o mais inteligente, o melhor, o mais honesto. Que não acreditamos em nada do que dizem dele, etc., etc.
O pessoal vai ficar desconfiado, e vai pensar que o gajo é um malandro e que nós o estamos a defender por causa do país.
O sempre eficiente secretário disparou:
- Boa tarde, Senhor Doutor, fez boa viagem de Gaia para cá?
Quase nem lhe respondeu:
- Sim, sim, mas não é isso que interessa. Já cá está o presidente do grupo parlamentar?
Que sim, que estava, respondeu o outro, vai para meia hora à espera dele.
- É o trânsito, é o trânsito, respondeu o presidente, acrescentando:
- Cá para mim isto está tudo mal. O chefe da oposição também devia ter batedores para se deslocar no país. Isto assim não é nada democrático, até parece os comentadores da televisão, que só os há para dizerem mal de mim.
Entrou no gabinete, deu um abraço ao presidente do grupo parlamentar e sentando-se foi dizendo:
- Isto está muito mal, pá. Já viste as noticias do jornal acerca do primeiro e mesmo assim o pessoal continua a votar no gajo. Não cai nas sondagens! Já não sei o que hei-de fazer.
O outro, olhando-o nos olhos, diz-lhe cheio de calma:
- Tem paciência pá, isto leva o seu tempo. É preciso não desistir e continuar a atacar. Mais tarde ou mais cedo a gente vai acertar.
- Vai-te lixar, pá! Não temos tempo nenhum. Ou é agora, ou o gajo lá mais para o meio do ano vem dizer que já está tudo porreiro, e que pode descer os impostos e então é que nada feito. E para já digo-te, vens-me com essa da paciência, mas eu tenho visto na assembleia que o gajo faz de ti “gato sapato”.
O outro chateado, retorquiu-lhe:
- É pá, isso não é justo! Tens que ver que tenho feito o meu melhor, mas o gajo é um parlapatão e eu ainda não recuperei das facadas que me deram nas costas.
- Tens razão, diz-lhe o presidente, desculpa lá. Mas temos que fazer qualquer coisa e depressa senão estamos fritos.
Ficaram um pouco em silêncio, meditando em soluções para dar a volta à coisa que estava a ficar muito preta para os seus lados.
De repente o presidente do grupo parlamentar, (tanto presidente, caraças!), levanta-se e diz num só fôlego:
- Já sei, já tenho a solução!
- Desembucha, pá, desembucha, diz o presidente.
- Eh pá, é fácil! Se não vai a mal, vai a bem!
- O quê? Enlouqueceste de vez, pá?
Pergunta o outro.
- Não, não senhor!
Ora tu vê lá: se quando dizemos mal do gajo, parece que ele ainda ganha mais forças, mais adeptos, vamos fazer uma campanha só a dizer bem, só a dizer que o gajo é o mais inteligente, o melhor, o mais honesto. Que não acreditamos em nada do que dizem dele, etc., etc.
O pessoal vai ficar desconfiado, e vai pensar que o gajo é um malandro e que nós o estamos a defender por causa do país.
É certinho que deixam de votar nele!
3 comentários:
Interessante, se calhar até nem é má ideia, andar fazer o fulano de vitima e constantes ataques só servem pra o ajudar.
Ficção? Uma prosa interessante, mas impossível. Pelo menos, em política à moda da caserna.
Caros tiago e quintarantino
Isto são devaneios "humoristicos" a que me vou dando o prazer de escrever, para não ficar ainda mais apreensivo com o rumo do nosso Portugal...
Obrigado pela vossa presença.
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