segunda-feira, 9 de junho de 2008

DIGNIDADE!!!

Internacional
Guiné-Bissau: Governo e UNICEF lançam programa combate à mutilação genital feminina

Bissau, 09 Jun (Lusa) - O Governo da Guiné-Bissau e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram hoje uma iniciativa para o combate à prática da mutilação genital feminina, um dos mais graves problemas sociais do país.
A iniciativa, “Acelerar a mudança para o abandono da mutilação”, vai durante os próximos três anos promover acções de sensibilização nas regiões de Bafatá, Gabu, Oio e Quinará, principais zonas onde o fenómeno da excisão é ainda bastante acentuado junto das raparigas.
A iniciativa hoje lançada também conta com a participação do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) e será executada pela TOSTAN , uma organização não governamental internacional com mais de 15 anos de experiência na mudança de mentalidade das comunidades afectadas por práticas tradicionais que trazem sofrimento.
De acordo com um comunicado conjunto distribuído à imprensa pelo FNUAP e UNICEF, o trabalho da TOSTAN na luta contra a excisão produziu “resultados positivos” em vários países africanos como são os casos do Senegal e da Guiné-Conacri pelo que se pretende aproveitar a experiência na Guiné-Bissau.
Dados das agências das Nações Unidas, baseados nos inquéritos aos indicadores múltiplos de 2006 (Mics III), apontam que 44,5% das mulheres guineenses entre os 15 e os 49 anos de idade sofreram mutilação genital, o que prova que as estratégias utilizadas até aqui para o combate ao fenómeno não produziram os efeitos esperados.
De acordo com as duas agências da ONU, a situação requer a “adopção de uma estratégia mais apropriada” que passará pela sensibilização directa e formação das comunidades.
Toda a estratégia será supervisionada pelo Governo guineense através do Ministério da Solidariedade, Família e Luta contra a Pobreza


Quando me preparava para escrever sobre este assunto, que vivi de perto na Guiné, que sempre me incomodou e continua a incomodar, (e que devia incomodar toda a gente), sou confrontado com esta “noticia”, (verdadeiramente tudo serve de noticia neste mundo):

Amy Winehouse traiu Blake Fielder-Civil
Cantora terá visitado o marido na prisão e contou-lhe todas as suas infidelidades. Mãe de Blake garante: «É um homem destruído»
Amy Winehouse estava tão atormentada com a culpa que quando visitou o seu marido, Blake Fielder-Civil, na prisão confessou as suas infidelidades, noticia o jornal News Of The World, citando a mãe do marido da cantora.
A cantora terá admitido que teve relações sexuais com Kristian Marr, baixista suplente da banda Towers of London. Mas não só. A problemática cantora terá também sido infiel com Alex Haines, o assistente do seu representante.
Devastado com as confissões da sua esposa, Blake recorreu ao «ombro» da sua mãe para lhe contar sobre suas mágoas.
A sogra de Amy considera que a cantora escolheu um mau momento para se confessar ao marido.
«Blake estava muito mal quando me chamou. Penso que o momento escolhido para lhe contar foi extremamente cruel», desabafou a mãe de Blake.
«Ele estava muito concentrado no seu julgamento e disposto a lutar pela sua liberdade. Agora é um homem destruído por saber que a sua mulher o enganou várias vezes. Sente-se muito humilhado. A infidelidade de Amy é imperdoável», sublinhou.


E fiquei a pensar neste terrível confronto entre aqueles que nada têm, aqueles a quem até a dignidade retiram, e aqueles que têm tudo, mas não têm dignidade porque não querem, ou nem sequer a sabem usar.
Ali na Guiné uma juventude é violentada, e provavelmente o seu maior desejo é ver-se livre deste terrível destino que é a Mutilação Genital Feminina, para poder viver a sua dignidade de pessoa.
Aqui neste país e noutros deste mundo dito evoluído, uma juventude toma por ídolo alguém que desgraçadamente tem tudo, mas que deita a fora dignidade, porque não sabe ser pessoa.
Podem dizer que é demagogia o que acabo de escrever, mas que é uma “demagogia” muito real, isso ninguém pode contestar.
Deixo àqueles que têm a paciência de aqui vir ler o que vou escrevendo, o pedido dos seus comentários, que à medida que forem chegando irei colocando como complemento do texto.
Eu não sou capaz neste momento de comentar mais nada sobre estas duas noticias.
Há em mim um misto de revolta, de indignação, que eu não sei bem exprimir e por isso temo não ser capaz de me distanciar suficientemente para ser ponderado na minha critica.
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1º Comentário
Fa menor
Ora bem!... ora bem, não! ora mal!
Começando pelo fim, hoje, acho que já poucas coisas assim me surpreendem, num mundo ávido de prazer, em que tudo é considerado normal.
A primeira notícia dá conta de uma violência contra a mulher - a mutilação genital - que urge reverter. Esta violência não é só física. Desta resultarão incapacidades que não a deixarão usufruir da total satisfação de um acto que a deveria engrandecer como mulher. Penso que o acto sexual irá ser para ela como um fardo que terá de carregar, uma vez que não o viverá em toda a sua plenitude. Assim sendo, esta viverá toda a vida um enorme trauma por não ser uma mulher por inteiro - é uma mulher a quem foi retirada a dignidade, como bem referes.
Aqui, é uma questão de cultura em que ainda não se conseguiu uma mudança de mentalidades. Acho que se devem envidar todos os esforços no sentido dessa mudança de mentalidades.
Sobre a segunda notícia, acho que também deveria ocorrer uma revolução com as mentalidades destas gentes, que por demais avançadas, se permitem a si próprias tudo, ao ponto de tão ofuscadas com o brilho que as cerca, não conseguirem enxergar que a sua liberdade termina onde começa a do outro. Neste caso, a dita senhora (e outras e outros que procedem de igual modo) não são capazes de pensar que não pertencem a si próprios(as) mas que passaram a ser "UM" com aquele(a) a quem prometeram fidelidade.
Onde mora o amor?! Será que as pessoas sabem o que isso é?
.
2º Comentário
nem+
Eu que ainda agora comecei a ficar fã aqui do seu sítio, vejo que ainda para mais, (eu tenho sempre que meter uns +) não se fica por meias medidas e fornece-nos de uma vezada dois temas com pano para mangas e duros de roer de uma assentada, mas ainda bem porque assim também conseguiu transmitir-me duma só vez o seu espírito de revolta e de indignação aos quais junto eu agora o da estupefacção em que estou e que me incapacita de comentar total e devidamente como o post merecia.
Como já muito está dito no comentário acima, com o qual concordo absolutamente, digo-lhe que à primeira reacção, e como não sou diferente dos de+ leitores, com um pouco de sensibilidade que tenham, o que apetece, é "botar" logo culpas em alguém ou no primeiro infeliz que nos ocorra, e assim, por que não nos oftalmologistas que em vez de andarem a vender lentes a metro pela loja do chinês, não se deram ainda ao trabalho de inventar a receita que nos faça (a todos) olhar é para dentro, já que no 1º caso, uns são miopes ou sofrem de miopia sensitiva-mentecapto-retrógrado-cerebral, enquanto os outros (2º caso) se vêem é bem de+ !
P.S. Véspera de feriado não dá direito a poema de fim de semana? Calhava...
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3º Comentário
quinttarantino
Desgraçadamente vivemos num mundo de paradoxos e de diferenças abissais sem que para a imensa maioria isso constitua motivo de preocupação.
A mutilação genital feminina é um fenómeno de uma extrema violência que não encontra justificação e devia ser ferozmente combatido. Por prevenção e por repressão.Sempre que surge um caso mais gritante, lá nos comovemos para depressa esquecer.
Faz-me lembrar aqueles que são capazes de ir até certas paragens (o Brasil ou a Tailãndia, por exemplo) e por lá andarem com menores a fazer-se aquilo que muito bem se sabe sem que lhes doa a consciência.
Somos uma sociedade relativamente asséptica onde as coisas não nos incomodam por aí além enquanto se passam longe de casa; ultimamente, porém, até em casa há coisas que deixaram de causar embaraço como se vê pelo aumento dos casos de abuso sexual de menores.
Quanto à menina Amy Winehouse, dizer o quê?
Um produto acabado de uma sociedade consumista que acha imensa piada a uma pessoa que se apresenta bebâda em palco, não consegue cantar uma música direito e por aí fora!
.
4º Comentário
Tiago R Cardoso
Existem por ai muita estupidez neste mundo e tivemos portanto logo direito a duas.
A primeira mais que uma estupidez, uma vergonha que ainda se pratica neste século, ainda se pratica num mundo supostamente civilizado.
Temos todo a obrigação de lutar contar os animais que fazem este tipo de mutilação, de ataque ao ser humano e que continuam no tempo da pedra lascada.
A segunda vai pela estupidez da noticia, que diga-se nem vale a pena comentar.
Excelente artigo, muito bem.

5 comentários:

Fá menor disse...

Ora bem!... ora bem, não! ora mal!

Começando pelo fim, hoje, acho que já poucas coisas assim me surpreendem, num mundo ávido de prazer, em que tudo é considerado normal.

A primeira notícia dá conta de uma violência contra a mulher - a mutilação genital - que urge reverter. Esta violência não é só física. Desta resultarão incapacidades que não a deixarão usufruir da total satisfação de um acto que a deveria engrandecer como mulher. Penso que o acto sexual irá ser para ela como um fardo que terá de carregar, uma vez que não o viverá em toda a sua plenitude. Assim sendo, esta viverá toda a vida um enorme trauma por não ser uma mulher por inteiro - é uma mulher a quem foi retirada a dignidade, como bem referes.
Aqui, é uma questão de cultura em que ainda não se conseguiu uma mudança de mentalidades. Acho que se devem envidar todos os esforços no sentido dessa mudança de mentalidades.

Sobre a segunda notícia, acho que também deveria ocorrer uma revolução com as mentalidades destas gentes, que por demais avançadas, se permitem a si próprias tudo, ao ponto de tão ofuscadas com o brilho que as cerca, não conseguirem enxergar que a sua liberdade termina onde começa a do outro. Neste caso, a dita senhora (e outras e outros que procedem de igual modo) não são capazes de pensar que não pertencem a si próprios(as) mas que passaram a ser "UM" com aquele(a) a quem prometeram fidelidade.

Onde mora o amor?! Será que as pessoas sabem o que isso é?

Anónimo disse...

Eu que ainda agora comecei a ficar fã aqui do seu sítio, vejo que ainda para mais, (eu tenho sempre que meter uns +) não se fica por meias medidas e fornece-nos de uma vezada dois temas com pano para mangas e duros de roer de uma assentada, mas ainda bem porque assim também conseguiu transmitir-me duma só vez o seu espírito de revolta e de indignação aos quais junto eu agora o da estupefacção em que estou e que me incapacita de comentar total e devidamente como o post merecia.

Como já muito está dito no comentário acima, com o qual concordo absolutamente, digo-lhe que à primeira reacção, e como não sou diferente dos de+ leitores, com um pouco de sensibilidade que tenham, o que apetece, é "botar" logo culpas em alguém ou no primeiro infeliz que nos ocorra, e assim, por que não nos oftalmologistas que em vez de andarem a vender lentes a metro pela loja do chinês, não se deram ainda ao trabalho de inventar a receita que nos faça (a todos) olhar é para dentro, já que no 1º caso, uns são miopes ou sofrem de miopia sensitiva-mentecapto-retrógrado-cerebral, enquanto os outros (2º caso) se vêem é bem de+ !

P.S. Véspera de feriado não dá direito a poema de fim de semana? Calhava...

Anónimo disse...

Desgraçadamente vivemos num mundo de paradoxos e de diferenças abissais sem que para a imensa maioria isso constitua motivo de preocupação.

A mutilação genital feminina é um fenómeno de uma extrema violência que não encontra justificação e devia ser ferozmente combatido. Por prevenção e por repressão.

Sempre que surge um caso mais gritante, lá nos comovemos para depressa esquecer.

Faz-me lembrar aqueles que são capazes de ir até certas paragens (o Brasil ou a Tailãndia, por exemplo) e por lá andarem com menores a fazer-se aquilo que muito bem se sabe sem que lhes doa a consciÊncia.

Somos uma sociedade relativamente asséptica onde as coisas não nos incomodam por aí além enquanto se passam longe de casa; ultimamente, porém, até em casa há coisas que deixaram de causar embaraço como se vê pelo aumento dos casos de abuso sexual de menores.

Quanto à menina Amy Winehouse, dizer o quê?
Um produto acabado de uma sociedade consumista que acha imensa piada a uma pessoa que se apresenta bebâda em palco, não consegue cantar uma música direito e por aí fora!

Tiago R Cardoso disse...

Existem por ai muita estupidez neste mundo e tivemos portanto logo direito a duas.

a primeira mais que uma estupidez, uma vergonha que ainda se pratica neste século, ainda se pratica num mundo supostamente civilizado.

Temos todo a obrigação de lutar contar os animais que fazem este tipo de mutilação, de ataque ao ser humano e que continuam no tempo da pedra lascada.

A segunda vai pela estupidez da noticia, que diga-se nem vale a pena comentar.

excelente artigo, muito bem.

Joaquim Alves disse...

Carissimas/os Fa, nem+, quinttarantino e Tiago

Obrigado pelos vossos comentários.

Abraço amigo