terça-feira, 18 de março de 2008

Emigrantes...

Alguns, devem ser poucos os que visitam este espaço, podem ser levados a pensar que o autor destes escritos leva tudo para o gozo.
Não é bem assim, até porque a brincar, se pode falar de assuntos muito sérios, dando-lhes uma perspectiva diferente.
E depois convenhamos que algumas coisas que se passam neste país só mesmo levadas para o gozo, embora sejam muito sérias e por vezes as suas consequências sejam ainda mais sérias.
Todo este arrazoado para dizer que um texto do Quintarantino, no blogue notas soltas & ideias tontas, me levou a pensar nos emigrantes, não só portugueses como nós, mas e sobretudo naqueles que procuram no nosso país melhores condições de vida.
A memória dos homens é fraca, costuma dizer-se, e a verdade é que já nos esquecemos como os portugueses que primeiro emigraram para França, foram tratados nesse país.
Explorados, não só em esforço de trabalho, como em pagamento, marginalizados, colocados à margem da sociedade, muitas vezes vivendo em condições sobre-humanas, abandonados por Portugal, à mercê dos países de destino, enfim, uma história, apesar dos anos ainda bem recente, que não podemos esquecer.
Mas esquecemos, a verdade é que esquecemos, ou fizemos por esquecer, porque o modo como hoje em dia tratamos os emigrantes que nos procuram de todos os lados, mas sobretudo os de África e do Leste europeu, leva-me à conclusão que não aprendemos nada, ou melhor, que aprendemos o que não devíamos ter aprendido.
Recentemente aqui na minha zona, foi-me dado a conhecer um caso de um “industrial” que explorava em horas de trabalho e pagamento irrisório emigrantes do Leste, e quando um deles arranjou melhores condições noutro trabalho, como vingança o individuo nem sequer lhe pagou o que lhe devia pelo trabalho já feito.
Mas o que me chocou foi saber que o dito “industrial” tinha sido emigrante em França e tinha passado por isso mesmo!
Os seus lamentos e protestos de então não servirão agora para lhe mudar o modo de proceder.
Sabemos que o fenómeno da emigração tem muitas facetas e pode ser discutido e analisado de várias formas, mas a verdade é que na maioria dos casos do trabalho emigrante indiferenciado no nosso país, as pessoas continuam a ser exploradas e mal tratadas, sem muitas vezes terem ninguém que as defenda.
Esquecemo-nos nós que ainda há pela Europa muito português trabalhador sujeito a estes vexames, protestamos e indignamo-nos, mas cá dentro vamos fechando os olhos à indignidade.
Há muito que a lei da humanidade devia ter deixado o “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti», para passar a fazer o que Jesus Cristo nos quis ensinar, «faz aos outros aquilo que queres que te façam».

6 comentários:

Carol disse...

A memória é curta e muito selectiva...

Anónimo disse...

Passei mesmo só para desejar uma Santa Páscoa!

Quanta honra, quanta honra ...

Joaquim Alves disse...

É verdade, Carol...

Só nos lembramos quando nos toca na "pele"...

Joaquim Alves disse...

Obrigado quintarantino!

Uma Santa Páscoa para ti também e todos os teus.

"O seu a seu dono"...Foi o teu texto que despertou este, portanto...honra te seja dada!

Tiago R Cardoso disse...

Excelente, muito bom texto.

E quem disse que aqui o local vai sempre para o gozo ?

a brincar se dizem coisas sérias, que se calhar num tom mais formal não seria ouvidas.

Uma santa Páscoa.

Joaquim Alves disse...

Obrigado Tiago

É verdade o que dizes, mas há coisas que não dão mesmo para "gozar»...

Uma Santa Páscoa para ti e todos os teus.