sábado, 26 de abril de 2008

Bom fim de semana!


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SEM TITULO

Nos meus olhos instala-se o nevoeiro,
incomodado com a luz do Sol
que lhes faz crescer a alegria,
da vida d'outro dia.
O som da respiração torna-se ofegante
e faz vibrar as folhas da árvore da expiação,
em mim nunca sentida,
e no entanto, sempre presente e constante.
Já nada me toca com braços invisiveis,
e o som dos meus passos deixou de se ouvir.
A madrugada morreu num longo estertor,
e o cinzento tomou conta de tudo.
O meu peito rasga-se como uma ânsia,
e choro as lágrimas de sentir,
que caídas na terra,
engrossam os rios de sangue,
das feridas abertas, das chagas de horror,
sempre a rir da esperança,
de quem já só ri, chorando.
Fixo os olhos no vazio,
faço as minhas mãos de pedir,
e grito, berro, dou urros,
faço pinos, dou cambalhotas,
rezo, e até blasfemo,
alguém tem de me ouvir...

17.01.1992

2 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Nesse caso bom fim de semana e que excelentes recordações, que o amigo tem trazido ao nosso conhecimento.

Joaquim Alves disse...

Obrigado Tiago...