quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Conselheiro de Estado

Leio diversos comentários e indignações sobre o facto do Presidente da República manter o Dr. Dias Loureiro como conselheiro de estado.

Pelos vistos o “estatuto” dos referidos conselheiros de estado não permite a sua exoneração, o que leva à conclusão que para o referido senhor deixar o Conselho de Estado precisa de morrer, ou que o Presidente da República seja deposto ou renuncie, ou ainda que o próprio renuncie.

Mas o Presidente fez, a meu ver, aquilo que podia e devia fazer, ou seja, chamou o homem e perguntou-lhe, com certeza sob compromisso de honra, se alguma das acusações que lhe eram feitas, eram verdadeiras.
O conselheiro, pelos vistos, respondeu que não e que era inocente de todas as acusações que lhe eram imputadas.

Ora o Presidente da República não podia ter outra atitude que não seja manter o conselheiro de estado, não lhe pedindo, (o que era possível), que renunciasse ao cargo.

Se procedesse de outro modo, ou seja, se pedisse a renúncia a Dias Loureiro, (que ele aceitaria fazer, com certeza), estava a abrir a porta a que cada vez que fosse escolhido alguém que não fosse da preferência dos “grupos de pressão”, aparecessem umas acusações que serviriam para levar à demissão o conselheiro em causa.
O Presidente da República não é inspector da policia, nem lhe compete investigar cidadãos, que para além do mais se presumem inocentes até prova em contrário.

Sabemos bem por experiências passadas, que se houve muitos acusados que se “safaram” por “falta” de provas, também houve alguns injustamente acusados que ficaram com a sua dignidade manchada.

O Presidente da República tem-me desiludido em muitas coisas mas nesta particular dou-lhe razão.
E não é por causa de Dias Loureiro, que não conheço nem me é particularmente simpático, mas porque acho que procedeu correctamente e da única forma possível.

Outra coisa é Dias Loureiro, que conhecerá com certeza a sua vida, e por isso saberá se tem ou não culpas no cartório.
Se as não tem, que durma descansado embora obviamente indignado com o que dele dizem.
Se as tem, então essas culpas agravam-se, porque mentiu ao País, mentiu ao Presidente, mentiu ao amigo, e colocou esse amigo, que é Presidente da República, numa situação, para não dizer mais, incómoda.
E digo tudo isto porque quero acreditar que entre as mulheres e homens deste país, ainda há uma réstea de dignidade, e que ainda se pode confiar na palavra de um amigo.
Estarei a sonhar alto, provavelmente!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ah bem, estava a ficar preocupado!

«Não vou parar», garante Ana Gomes
Deputada promete ter intervenção política mesmo que abandone o Parlamento Europeu


Portugal Diário


Ora aqui está uma notícia importante e que nos deixa muito mais descansados!

Calculem bem que eu não tenho dormido a pensar que a senhora ia parar!

Assim, sim, para isto é que serve a informação, caraças!

Bem cá para mim, apesar de tudo, se ela parasse não me fazia grande diferença, até porque não sou muito adepto de gente truculenta!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

E é só ele???

DN: «Santana e Carmona investigados por novas suspeitas de corrupção»

Trata-se de dois processos de loteamento na zona oriental de Lisboa, aprovados em 2006 pelo executivo de Carmona, que surgem na sequência de uma alteração do PDM, aprovada ainda pela presidência de Santana.

Do Portugal Diário


Agora que o homem, Santana Lopes, se perfila, ou já é candidato à Câmara de Lisboa, vamos ver a quantidade de processos que serão iniciados contra ele, que irão ser do conhecimento público e que não serão resolvidos antes das eleições!

Informo desde já que até nem gosto como político de Santana Lopes, e que nem sequer voto em Lisboa, mas as coisas que hão-de aparecer aí pela comunicação social não terão conta.

Logicamente afirmo que se o homem tem “culpas no cartório”, qualquer que seja o “cartório”, têm que ser investigadas e punidas em caso de culpa provada, mas que o sejam sem arrastamento, ou seja, até às eleições.

É que toda a gente se ri de Santana Lopes, toda a gente desvaloriza a sua candidatura, (que não sei se será boa para Lisboa, mas isso é problema dos “alfacinhas”), mas a verdade é que me parece realmente que a dita candidatura provoca algum receio nos outros candidatos.

“A ver vamos, como diz o cego”!!!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

América, América!!!

Descansem que não vou escrever sobre o mesmo, ou seja, se o homem é capaz ou não de levar por diante o fardo da Presidência dos EUA, ou que estamos todos muito felizes e contentes por ele ter sido eleito e por aí fora.

Não, não vou escrever sobre isso, mas sobre três coisas que toda a gente constatou, mas talvez não tenham interiorizado verdadeiramente.

A primeira foi o discurso de vitória de Barack Obama, um discurso a todos os títulos notável.
Sim pode-se dizer que teve uma carga emocional muito grande, que foi um rendilhado de palavras bonitas mas que espremidas não dão em nada.
Pode-se dizer até que teve aqui e ali uns laivos sonhadores, mas a verdade é que é muito bom ouvir da boca de alguém que vai presidir aos EUA, um discurso tão humano, tão solidário, tão recheado de esperança.
Porque, deixem-me colocar o dito popular ao contrário, «enquanto houver esperança há vida»!

A segunda foi o discurso de derrota de John Mcain, outro discurso notável e de uma grande dignidade.
Não arranjou desculpas, não descobriu conflitos nem diferenças, antes preferiu, com um grau de sinceridade que me pareceu genuíno, elogiar o seu oponente, transmitindo uma imagem de que o tinha deixado de ser, para passar a ser o seu Presidente como se fosse escolha sua.
Sei que muitos fazem este tipo de discurso na hora da derrota, mas John Mcain pareceu-me, repito-o, verdadeiro nas palavras que proferiu.

A terceira é a constatação de facto, do “american dream”.
Para os detractores dos EUA, (também não sou um fã incondicional), esta eleição constituiu, quer queiram quer não, a prova de que nos EUA as oportunidades estão abertas a todos e que a sua democracia, embora por vezes muito complicada e cheia de coisas de “arrepiar os cabelos”, funciona e é real.
Vimos republicanos notáveis a apoiarem Obama, sem dramas nem teatros.
Vimos “afro-americanos”, (tem de dizer-se assim agora), a apoiarem também Mcain sem problemas.
Vimos enfim, que a coisa funciona e as pessoas se sentem livres de fazer as suas escolhas, atendidas, claro está, as pressões vindas de todos os lados, sobretudo dos media.

Já tínhamos visto um presidente do mais poderoso país do mundo demitir-se porque tinha cometido um erro imperdoável naquela democracia e vemos agora um “afro-americano” ser eleito presidente desse mesmo país.

Apetece-me dizer também:
«God save América»!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um erro "íngricola"!!!

Aí estávamos nós, nas férias grandes, (quando elas eram mesmo grandes), nos campos da província, que tanto gostávamos de correr e percorrer.

A caminho do rio, (que nesse tempo tinha a água límpida que até se viam os peixes), para um mergulho no açude, apanhando a fruta das árvores e comendo-a directo, sem qualquer medo ao tratamento do sulfato, “caçando” uma rã aqui outra acolá, ou até para maior aventura uma cobra de água, lá íamos desfrutando tudo aquilo que não nos era dado em Lisboa, terra dos estudos.

Claro que, se apesar de tudo sabíamos distinguir uma maçã de uma pêra, um milho de um trigo, um estorninho duma rola, outros frutos, outras culturas, outros animais, revelavam-se mais difíceis de distinguir.

Também, tínhamos de “aprender” tudo no Verão e não nos esquecermos no resto do ano!

Mas até dava gozo chegar a Lisboa e por vezes ser gozado pelos outros como provincianos, mas depois nas aulas, quando se tratava das coisas práticas ligadas com a “ingrícola”, um tipo dar uma de conhecedor, até para além daquilo que os próprios professores conheciam realmente.

Pois bem, um dia os meus primos, (companheiros permanentes de férias), e eu, durante uma dessas deambulações pelos campos, deparámos com um campo carregadinho de saborosos melões, e que sabíamos pertencentes ao meu pai, pelo que “estávamos em casa”.

Logo tomamos a decisão de abrir um para experimentar e logo também se colocou a pertinente dúvida:
Serão melões, ou abóboras?

Os nossos conhecimentos “ingrícolas” não chegavam a tanto e então eu, como filho do proprietário, senti-me empossado na autoridade de poder dar umas ordens, que logicamente foram no sentido de experimentar a abrir um/uma e depois logo se via.

A primeira era obviamente uma abóbora e disso não restavam dúvidas, mas a sede e vontade de comer, a graça que tinha partir aqueles frutos numa pedra para ver o interior, e a certeza inabalável de que o meu pai com certeza ali teria melões, levou-me a continuar e “autorizar” que a busca do melão continuasse.

Passado algum tempo sem encontrarmos nenhum melão, parámos a procura, e foi então que nos deparámos com um campo de abóboras completamente devastado pela ignorância “ingrícola” de um bando de rapazes que tiveram de se render à evidência que passavam mais tempo em Lisboa, que na província.

Mas agora era preciso dar uma explicação ao verdadeiro proprietário, que para além de não ser pessoa que gostasse de mentiras, tinha umas mãos que pareciam umas pás.

Aí, os meus primos chegaram à brilhante conclusão de que sendo eu filho, me competia a mim arrostar com as consequências, já que eles tinham a noção de que a coisa também iria chegar aos ouvidos do pai deles e assim escusavam de levar duas vezes.

Pareceu-me justa a explicação e decidi então que eu sozinho iria explicar ao meu pai o inexplicável.

Quando cheguei perto dele e vi o seu olhar, do alto do seu metro e oitenta e cinco, percebi que embora ainda não tivessem sido inventados os telemóveis, a noticia tinha corrido célere e que ele já estava de posse de todos os dados da “façanha” do seu filho.

Perante esta constatação não hesitei e contei a verdade nua e crua, pois para além da “estragação“ feita, tive de reconhecer a minha incapacidade de conhecimento no campo da “ingrícola”.

Olhou para mim e deu-me um estalo, tentando controlar a sua força, mas que mesmo assim me levou de ventas ao chão.

Quando me levantei, olhou para mim com um ar muito sério, embora me tenha parecido também um pouco trocista, e disse:
«Levas um estalo, não por causa do estrago que fizeste, mas por não seres capaz de distinguir uma abóbora de um melão. Que vergonha!»

Voltou as costas e afastou-se de mim e eu ia jurar que o tremer das costas dele era porque se ia a rir de mim.

Não sei o que me doeu mais no momento, se o estalo, se a vergonha de não ser capaz de distinguir uma abóbora de um melão!!!
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Hoje, dia das eleições na grande América, veio-me ao pensamento esta história verdadeira, que se passou comigo, e escrevi-a com o gozo da comparação entre as eleições para o Presidente dos EUA e uma coisa tão simples e tão comezinha como esta.
Já agora, será que algum dos dois candidatos saberá distinguir uma abóbora de um melão, no campo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pontos de vista!!!

Ferreira Leite esteve «quase a raiar o xenófobo»
«Foi uma frase muito infeliz e quase a raiar o xenófobo, um pouco caricata vinda de uma líder de um partido político pretensões a ser governo», afirmou o porta-voz do PS, Vitalino Canas, em declarações à Agência Lusa.

Chávez: «Quero falar com o negro [Obama]»
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou este domingo que as relações do seu país com os Estados Unidos podem melhorar se Barack Obama vencer as presidenciais norte-americanas de terça-feira e disse-se disposto a conversar com ele, «o negro», como sempre se referiu ao norte-americano.
Chávez, que falava no seu habitual programa de domingo na televisão venezuelana, frisou todavia que um encontro com Barack Obama terá sempre de ser «em termos respeitosos e de igual para igual». «Esperamos que, com o negro, entremos numa nova fase», disse.

Do Portugal Diário


Se para o PS, na voz do seu porta voz, Ferreira Leite esteve «quase a raiar o xenófobo», então o que é o dilecto amigo Chávez, do PS, do Primeiro deste país, esteve «quase a raiar»?