segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Viagem


Estou sentado na areia da praia com as mãos apoiando o queixo e o olhar fixo no longe.
Na minha cabeça passam as imagens, (imaginadas), das caravelas a partir rumo ao desconhecido.
Uma ponta de inveja começa a crescer dentro de mim e em pouco tempo transforma-se numa exaltação que me enche por completo.
Partir para sítio nenhum, onde nada existe e onde tudo talvez nada se encontre!
Que aventura, que excitação, que desafio!
Vejo-me já a cruzar as águas dos oceanos, a minha imagem a rir de exaltação, reflectida no espelho prateado das ondas, as gaivotas a acompanharem-me no seu vôo perfeito, a incitarem-me com o seu grasnar ensurdecedor e aquela permanente sensação de estar quase a chegar a lado nenhum.
E se não há mais Terra? E se tudo acaba no espaço? E se não chego ao fim só porque não há fim nenhum?
É quase brutal a alegria de querer conhecer o desconhecido. Traz-me cânticos aos lábios, o meu cérebro trabalha a velocidades já mais atingidas, o meu corpo está dorido de tanta excitação inacabada.
Já lá vai tanto tempo e eu continuo a viagem com a mesma vontade com que a comecei.
De repente surge um ponto no horizonte que rapidamente ganha tamanho e importância.
É uma explosão de vida! Cheguei, consegui, descobri!!!
E é um paraíso, nada falta, tudo é bom, tudo é calmo. A sensação vai crescendo à medida da descoberta, cada vez é mais forte, mais completa.
Desta vez acertei!
Depois de tudo conhecido e explorado, passada a euforia da conquista, começo a reparar que afinal sempre deve haver melhor, sempre deve haver mais coisas, sempre deve haver mais calma, sempre deve haver mais ... tudo.
E recomeça a inquietação, o não poder estar parado, a falta de qualquer coisa para a qual devo estar fadado.
Aquela sensação dorida de que se tudo já está satisfeito, eu ainda tenho muita vida para descobrir, para viver, para criar.
Alguém precisa de mim, em algum sítio, em algum tempo, em algum espaço.
Nem que esse alguém, seja eu!
Preparo-me para a nova viagem, que no fundo é a mesma. E rio-me. Rio-me, porque os meus preparativos para a viagem, são partir!
Mais uma vez as sensações fortes e amigas tomam conta de mim: a boca ri, os olhos brilham, o corpo incha de excitação, a cabeça fervilha de idéias perfiladas, que nunca acabam, onde as outras não começam.
E parto mais uma vez com o coração ao alto, tendo como companheiro de viagem o meu próprio sentir.
E o que mais me espanta é que nada disto me cansa, porque nesta viagem tão longa, todos os dias há coisa nova, não há ondas que sejam iguais, nuvens que sejam parecidas, nem caminhos que se sobreponham.
Há um renovar constante, um renascer permanente. Até o caminho percorrido tem coisas para descobrir.
Mas o que é mais interessante, é saber que nunca vai acabar, que a viagem vai continuar e que se alguém me quiser acompanhar tem de ter a mais linda qualidade: é o nunca querer ficar!!!
Chegarei ao fim um dia?
Se chegar, meu Deus, não me faças acabar, enche-me todo de sentir e então faz-me ... explodir!!!

Escrito em 26 . 11 . 91
A "culpa" de aqui colocar este "escrito" é do Tiago R. Cardoso, que ao vir deslumbrar-nos com os seus contos, me fez lembrar de alguns que vou escrevendo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

No mundo da "fantasia"... será?

O Primeiro sentado à sua secretária olhava para os seus colaboradores mais fiéis, na expectativa de uma qualquer brilhante ideia para colocar em prática e levar o partido à vitória nas eleições que se aproximavam.

Ele ia falando, expondo os seus pensamentos e pressurosos os outros todos iam meneando a cabeça, assentindo sem dúvidas tudo o que ele dizia, embevecidos com a clarividência do chefe.

A certa altura o Primeiro, já chateado com aquilo tudo, volta-se para eles e diz naquela voz irritada, arrogante, pesporrente, que toda a gente no país já tão bem identificava:
– Porra! Parem lá de andar com a cabeça de cima para baixo! Parecem umas galinhas a debicar no milho! Vejam lá mas é se tem algumas ideias que foi para isso que vos chamei para o governo! Ou querem ficar no desemprego?

Olharam uns para os outros, atrapalhados, temerosos, porque sabiam bem como eram as irritações do Primeiro.

Um deles então, parecia o da Economia, muito a medo, arriscou:
– Então e se oferecêssemos uns electrodomésticos ao povo?

Os olhos do Primeiro chisparam e gritou já com uma raiva incontida:
– Mas olha lá, tu julgas que eu sou algum presidente de Câmara, ou quê? Tu “tás” parvo? Só me saem gajos destes!

O outro ainda arriscou timidamente:
– Mas o Zé Eduardo fez isso e não é presidente de Câmara! E ganhou as eleições quase com 90%! Até parecia a Rússia de antigamente!

O Primeiro, sem sequer olhar para ele para não se irritar mais, disse:
– Gaita, és sempre o mesmo bronco! Não sei como é que te escolhi para isto!

Então o das Obras, com aquele ar de burro encartado, disse muito ufano:
– Já sei, prometem-se mais umas auto-estradas!

Responde-lhe o Primeiro:
– Ó meu camelo! Então já nem temos espaço para plantar umas couves neste país à conta de tanta auto-estrada, e tu ainda vens propor mais umas!

E acrescentou:
– Irra, estou cercado de incompetentes!

Aquele que não tem pasta com assunto, que é o mais chegado ao Primeiro, afirmou muito pressuroso:
– Eu ainda não disse nada! Eu ainda não disse nada!

O Primeiro não se conteve, e com o seu célebre dedo apontado para ele, gritou:
– Pois não, meu macaquinho de imitação! Tu nunca dizes nada e quando dizes é para repetir o que eu digo e mesmo assim muitas vezes mal!
E continuou:
– Bem, já percebi que com vocês não me safo! Tenho que ser eu a fazer tudo!
Vamos distribuir uns computadores aos putos das escolas, aumentar umas pensõezitas das mais baixas e prometer mais polícias e mais armamento para os gajos, a ver se o pessoal vota em nós.
Tenho que ver também como é que vou conciliar estas promessas e outras com a história da contenção do défice, mas quanto a isso não devo ter problemas porque os gajos da oposição andam aos papéis e não sabem para que lado se hão-de voltar!

E finalizou, com um ar cansado, mas muito satisfeito consigo próprio:
– Os gajos da oposição ficam sempre lixados comigo. Fartam-se de fazer perguntas, mas eu nunca lhes respondo e só falo do que eu quero! Até tenho pena deles!

Os outros levantaram-se todos e aplaudiram freneticamente o Primeiro, que de cabeça erguida em pose, agradecia condescendente a homenagem que lhe prestavam.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Chamem-me ingénuo, mas eu sou assim...

Pois é, podemos dizer que a vida é assim, que as coisas acontecem, que o mundo não pode parar e sei lá eu bem mais uns quantos lugares comuns ditos no dia a dia, que mesmo assim há certas coisas que não deixam de me incomodar.

Vem isto a propósito de uma notícia que vi e ouvi na televisão hoje quando me preparava para sair de casa de manhã.

Informava então a referida notícia, que hoje em dia cada vez há mais casas compradas em leilões, porque vão à praça por falta de pagamento dos empréstimos contraídos para as adquirir, a maior parte das vezes porque os juros se tornaram incomportáveis ao longo da vivência do empréstimo.

E nestes leilões caem aqueles, a notícia chamava-lhes investidores, que têm dinheiro para fazer um bom negócio com a desgraça dos outros.

Mas também lá estão casais que querem comprar as suas casas mais baratas e assim vão arrematar as casas daqueles que não as puderam, ou por vezes, não souberam ter.

E faz-me impressão, o que é que querem, faz-me impressão que alguns se aproveitem da desgraça dos outros, para fazerem a sua felicidade, ou pior ainda, para ganharem um pouco mais de dinheiro que já não lhes faz falta nenhuma.

Claro que no meio destes que perderam as suas casas, haverá muitos que não tiveram juízo, ou que tiveram mais “olhos que barriga”, mas continua a incomodar-me que vivamos cada vez mais num mundo frio e impessoal, em que os outros não interessam e em que somos capazes de construir as nossas vidas sobre o desabar das vidas dos outros.

Chamem-me sentimental, ingénuo, idiota até se quiserem, mas eu sou assim e espero não mudar, embora este feitio me incomode muito mais do que se vivesse egoistamente a pensar apenas em mim.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O estado da Justiça, ou a justiça do Estado.

O tempo vai-se encarregando de apagar a memória das coisas e de repente, perante a actualidade, esquecemo-nos do que ficou para trás e afinal não estava bem resolvido.

Alguém me mandou este video.
.
.
Resta saber:
Isto foi devidamente investigado?
E se foi, correspondia à realidade ou não?
E se sim, se correspondia à realidade, como é possivel o que agora se passa?
E se não correspondia à realidade, porque é que os visados na noticia não moveram um processo à SIC?
São muitas perguntas sem resposta, não são?

Com isto não estou a condenar ou a inocentar ninguém, mas a chamar a atenção para o estado a que a justiça deste país chegou!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Preocupações de velho!!!

Quem aqui me visita, já percebeu com certeza, que estou praticamente na casa dos sessenta anos, e que sou um pouco conservador, embora de espírito aberto que não recusa apreciar, analisar e até aceitar muitas coisas, ditas modernas.

Há no entanto algo que eu julgo ser intemporal, ou seja, que ficava bem antes, fica bem agora, e há-de ficar bem no futuro.

Esse algo é a educação com que nos comportamos em sociedade, uns com os outros.

E se há normas, digamos básicas, como o respeito que cada um nos deve merecer, se há uma ética e uma moral transversal a toda a humanidade que devemos preservar e adoptar de modo a não “sermos confundidos” com o reino animal irracional, há também normas de conduta que vêm de longe e se vão perdendo, a meu ver infelizmente.

Vem isto a propósito daquilo que venho observando há muito tempo, sobretudo nos mais jovens, que não apenas adolescentes, mas também adultos na casa dos vinte ou trinta anos.

Serão normas de conduta imprescindíveis para a vida humana?

Não são com certeza, mas tornam-na mais agradável, mas simpática, mais acolhedora.

Refiro-me ao seguinte:

Outro dia, sentado num restaurante à espera que me trouxessem o almoço que já tinha encomendado, ia reparando nas pessoas que entravam na sala e naquelas que já estavam à mesa a comer.

Um casal jovem, entre os vinte cinco e os trinta anos estava a entrar no restaurante.

Rapidamente ele tomou a dianteira, abriu a porta e entrou sem sequer olhar para trás, nem se preocupar se a porta batia na sua acompanhante, ou não.

Dirigiu-se a uma mesa e sentou-se de imediato no, digamos, lugar melhor, ou seja aquele que está voltado para a sala.

Ela sentou-se de costas para a sala, sem um qualquer gesto da parte do acompanhante.

Ele pegou na ementa, leu, releu e escolheu e só depois a passou à sua companheira de mesa.

E depois, bem, e depois os modos, (dos dois), de comer, de beber, de boca aberta, falando com a boca cheia, foram de tal modo que eu estava à espera do arroto final.

Há pois, era gente sem educação, sem escola, etc, etc!

Não, não eram, era gente de gravata, de roupa da moda, gente que se percebia terem um bom emprego e muito provavelmente um curso dito superior.

Ah, mas eram caso único!

Não, não eram, pois a maioria daqueles que ali estavam, e não só ali mas em tantos sítios por onde passo, portavam-se da mesma maneira e alguns até com uma certa arrogância nesses mesmos modos.

Sim, já sei que não é imprescindível para a vida do dia a dia, mas que as normas de conduta, ditas de boa educação, a que estávamos habituados, tornavam a vida mais bonita, mais simpática e melhor de viver, disso não há dúvidas nenhumas.

E esta forma de comportamento está rapidamente a alastrar-se, e é pena, porque os portugueses até eram gente com muito bons modos, atitudes e educação no seu viver do dia a dia, fosse a que “nível” fosse.

Enfim, preocupações de velho, que se calhar a ninguém interessam.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Desculpem, mas não resisti!!!

Estado condenado a indemnizar Pinto da Costa
Última hora: presidente do FC Porto poderá receber indemnização por ter sido detido ilegalmente no âmbito do processo Apito Dourado

O Estado foi condenado a pagar uma indemnização a Pinto da Costa por detenção ilegal. Segundo notícia avançada pela SIC Notícias e confirmada pelo PortugalDiário, o presidente do FC Porto intentou uma acção contra o Estado por detenção ilegal.

No Portugal Diário


Ora bem, agradecia que os meus amigos me acusassem de qualquer coisa, (que não envolvesse coisas sexuais, já agora), para ver se alguém ordena a minha prisão, indevida claro, porque eu preciso de ganhar uns cobres.

Podemos até dividir depois a indemnização, claro!

Sou insuspeito neste texto, até porque eu sou adepto do FCP!

Bem isto é a brincar, a tentar fazer humor, porque realmente se uma pessoa é indevidamente presa, o Estado deve ressarci-la dos seus prejuizos, sobretudo do seu bom nome.

Mas desculpem, não resisti!!!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pobres Emigrantes!


Líder do PSD promete opor-se a proposta socialista
Ferreira Leite contra fim do voto por correspondência para emigrantes

11.09.2008

O PS entregou no passado dia 18 de Julho no Parlamento um projecto de lei para acabar com o voto por correspondência dos emigrantes nas legislativas - e que deverá ser discutido ainda este mês, estando agendado para sexta-feira dia 19 - argumentando que o voto presencial, que já acontece nas presidenciais, trará uma “dignidade acrescida à Assembleia da República” por ser mais “dignificante” e “transparente”.

No Público



Pobres emigrantes!

Há uns anos muito largos, nos finais da década de 50 e seguintes anos, os portugueses tiveram de emigrar, muitos deles a salto, para poderem arranjar dinheiro para viver, trabalhando no duro e a maior parte deles em condições tão terríveis, que chegavam a ser degradantes.

Passaram uns anos e a sua vinda era desejada, porque traziam as famosas remessas de divisas, que iam entrando nos cofres do Estado, dando um pouco de lastro á periclitante economia nacional.

Sim eram desejados, mas ao mesmo tempo criticados pela forma espaventosa de se mostrarem, pelo “francês arranhado”, pelos acidentes de automóvel, (como se fossem só eles coitados), mas eles não se importaram muito e continuaram a visitar o seu Portugal.

De Portugal recebiam pouco ou quase nada, a não ser o “matar saudades”, e mesmo nos países de destino, lutavam contra a interminável burocracia portuguesa e nem um apoio para que os seus filhos aprendessem da língua portuguesa, lhes era dado.

Passaram os tempos e veio a liberdade.

Alguns regressaram, convencidos de que agora sim a vida melhorara e os empregos abundavam.

Desiludiram-se rapidamente e alguns regressaram ao estrangeiro, levando novos emigrantes com eles.

Passaram a ser visitados, (julgo eu), por deputados da nação, mais interessados, (digo eu), em garantir os seus lugares de deputados, (e que raio as viagens são agradáveis), do que propriamente em resolverem os seus problemas.

E depois, depois começaram a fechar os consulados tornando a sua vida cada vez mais difícil em relação ao seu país que tanto amam e não querem esquecer.

Lutou-se para que pudessem votar por correspondência, porque se serviam para trazer dinheiro, também não era licito impedir-lhes o escolherem o governo da nação que se ia servindo das suas remessas, (que foram escasseando, é certo), mas não deixavam de entrar no país.

Há uns dias vi na imprensa alguém dos meios financeiros, (não me lembro quem), preocupado com a vinda dos emigrantes este ano, pois não tinham trazido o dinheiro que se estava à espera.

Agora vem esta gente que tem a maioria na Assembleia tentar retirar-lhes a possibilidade de votarem por correspondência sob o estranho pretexto, cito:
«Temos grande expectativa que tenha acolhimento aqui no parlamento, porque vai conferir à eleição para a Assembleia da República uma dignidade acrescida, na medida em que é um acto presencial e as eleições têm que ser presenciais, assumidas directamente pelos eleitores»

Pois bem, digo eu, a dignidade acrescida era os senhores deputados estarem presentes nas sessões da Assembleia, era os senhores deputados votarem leis que não fosse preciso emendar passadas umas semanas, era os senhores deputados falarem dos problemas do país, que vai muito para além de Lisboa e arredores, era os senhores deputados trabalharem qualquer “coisinha”, excepção feita logicamente àqueles que trabalham, mas me parecem bem poucos no cômputo geral.

Fossem os resultados da votação na emigração favoráveis à maioria e nunca se lembrariam da “dignidade acrescida”.

Pobres emigrantes, que para além de estarem longe do que amam, ainda os querem colocar bem mais longe!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Preocupação!!!

Tenho estado aqui a pensar neste assunto da D. Fátima Felgueiras!
O Ministério Público pediu a absolvição em não sei quantos crimes, por falta de provas, ou lá o que é!
Provavelmente os outros todos também serão absolvidos, porque também nada foi provado, como de costume nestes casos!
O que me preocupa é o seguinte:
Será que a D. Fátima vai pedir uma indemnização ao Estado por ter estado "exilada" não sei quanto tempo no Brasil?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Já não há espaço para mais indignação!

Mais 207 reformas milionárias
Dois funcionários dos CTT contam com valores mais altos

O número de beneficiários da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com reformas mensais superiores a quatro mil euros, o escalão mais alto para os trabalhadores ligados à Administração Pública, está a revelar um ritmo de crescimento imparável: só entre Janeiro e Outubro deste ano reformaram-se 207 funcionários do Estado com pensões «douradas».
Entre os novos reformados milionários contam-se, a partir de Outubro, João Pedro Barros, Simoneta Luz Afonso e Alfredo Bruto da Costa, presidente do Instituto Politécnico de Viseu, do Instituto Camões e do Conselho Económico e Social, respectivamente, avança o «Correio da Manhã».
Ao todo, segundo os dados da CGA, desde 1997 o universo de indivíduos com reformas superiores a quatro mil euros já aumentou 640%, uma média de 358 novos reformados milionários por ano.
O valor mais alto das reformas não foi atribuído a magistrados ou professores, como é habitual, mas funcionários dos CTT: Francisco Viegas, inspector-geral, vai receber a partir de Outubro uma pensão mensal de 8.093 euros e Elídeo Abreu, especialista em organização receberá uma reforma de 6.109 euros.


In Portugal Diário


Mas será que vivemos todos no mesmo país?

Isto é mesmo aqui em Portugal?

Há um funcionário dos CTT que vai ter uma reforma maior de que o ordenado do Presidente da República?

E não há dinheiro para aumentar as reformas dos que nada têm e “morrem” de fome?

E o que estamos à espera para pôr esta “gajada” toda que manda neste país a banhos nas Berlengas?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Saudosismos realistas???

Seja por causa do final do tempo de férias, seja porque não há maneira de fazer calor a sério, ou por nenhuma razão especifica, dei por mim a pensar nos meus tempos de rapaz, lá para os anos 50/60.

E comecei a lembrar-me de como eram as coisas naquele tempo, o que me levou a reflectir sobre o que é nós andamos a fazer à nossa terra, ao nosso mundo, às nossas vidas.

É que naquele tempo, havia quatro estações do ano bem definidas, que para quem não se “lembre” eram a Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno.
O mês de Setembro, era um mês de praia, tão bom como Agosto, ou Julho.
Aliás, nas praias da minha zona as casas em Setembro eram tão caras como em Agosto.
E agora?
Será que não demos cabo do tempo?!

Depois lembrei-me quando andava pelos campos e apanhava a fruta das árvores e a comia mesmo assim, directamente da “produção”!
E tomava banho no rio de águas limpas!
E agora isso é possível?
Fico a pensar que as crianças, os jovens deste tempo já não podem apreciar estas pequenas e simples coisas que sabiam tão bem.

E os animais eram alimentados com os restos da horta, da fruta, comiam no campo, e a carne era saborosa, tenra e raramente tinham doenças.
Os ovos eram amarelinhos, com um sabor intenso.
Ai, aqueles ovos estrelados em azeite bom!!!
E hoje é ração para aqui, hormonas para ali, e aquilo sabe tudo à mesma coisa.
O frango sabe a vaca e a vaca sabe a porco, passe o exagero.
E fico a pensar que os meus filhos já não vão conhecer esses sabores!

E a matança do porco?!
As morcelas, a sopa de morcela, os torresmos, as febras, a fritada, tudo feito no pingo da banha do porco!
Que sabores meu Deus!
E agora?
Agora temos a ASAE, que não dá de comer à gente, mas vai acabando com as coisas boas deste terra porque temos de comer como os ingleses, como os alemães!

E as recordações são um nunca acabar de coisas boas e claro também havia algumas menos boas, como a politica, por exemplo.
Mas agora também, a politica!
As promessas eram tantas…e afinal…
Claro temos a liberdade, podemos escolher quem quisermos!
O problema é que não há nada por onde escolher, digo eu!

Mas ponhamos a politica de lado!

Faz-me impressão que em tão poucos anos, 30, 40, 50, tantas coisas no mundo tenham acabado, tenham sido extintas, desde animais, à própria natureza, às comidas, às tradições.

Faz-me impressão olhar para os meus filhos e perceber que nunca vão experimentar coisas tão boas e simples como eu experimentei, não porque não queiram, ou não gostem, mas porque já não há!

Perdoem-me o saudosismo, mas lá que faz impressão, faz!!!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A Reentrada!!!

Fala-se então agora muito na “reentrada” da política, passadas as férias, como se fosse coisa importante!

Mas realmente, quer os políticos queiram quer não, não há ninguém expectante, à espera de grandes novidades, de surpresas, de rasgos políticos de génio, enfim de uma qualquer mudança que animasse a coisa, que desse aos portugueses a sensação de estarem vivos…politicamente!

O Primeiro Sócrates já falou qualquer coisa, de que retenho a eternidade das palavras, ou seja, o governo fez tudo muito bem feito e todas as críticas que possam ser feitas não são só injustas, são inadmissíveis.

A líder do principal partido da oposição irá falar, parece que neste Domingo, finalmente, mas verdadeiramente ninguém está à espera que saiam dali grandes novidades, projectos ou planos estratégicos que mudem o incrível panorama político do nosso país.

O outro senhor mais à direita também já fez um teatro qualquer do tipo indignado, mas que já constitui uma peça mil vezes ensaiada e repetida até à exaustão.

Depois o grande defensor dos oprimidos, (e por isso mesmo simpatizante das FARC na medida em que estes homens “generosos” vão retirando aqueles que lhes aparecem pela frente das garras do capitalismo), vai dizendo sempre os mesmos lugares comuns, preocupado agora mais com a grande festa e o “pilim” que ela há-de gerar, que com o estado da nação.

E depois vem aquele senhor de voz melíflua, sempre com um ar muito indignado do tipo, “todos me devem e ninguém me paga”, arvorando-se em “puro no meio dos impuros” e que também nada traz de novo ao ambiente do país.

E “prontos” é isto e pouco mais!

Não saímos da cepa torta, o tempo dos grandes tribunos parece ter acabado, e não se vê perfilado no horizonte ninguém que suscite a esperança de mudança, por isso só posso acabar este escrito, (que também não serve para nada), com um velho ditado português:
«Tudo como dantes, quartel general em Abrantes»!